Setores integram ações para o enfrentamento às drogas

Existe real escolha quando não se tem informação? O papel da instituição familiar e do Estado está sendo feito? Os profissionais têm sido formadores de opiniões? Estas três perguntas incentivaram a reflexão e a sensibilização dos participantes da palestra "Drogas, causas e conseqüências", ministrada na última terça-feira (26) pelo professor Marcelo Wundervald.

O evento foi promovido pela Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), no auditório da Secretaria de Desenvolvimento Regional de Chapecó (SDR). A iniciativa marcou o Dia Internacional de Combate às Drogas, celebrado em 26 de junho. Participaram aproximadamente 60 profissionais, entre trabalhadores das políticas de assistência social, educação, saúde, segurança pública e conselheiros municipais da microrregião.

"A palestra teve como objetivo sensibilizar os profissionais com o intuito de articular ações na busca da prevenção e do atendimento às famílias e usuários. Além disso, proporcionar acesso à informação, que é um remédio eficaz e barato, uma vez que o tratamento é complexo, tem alto custo e depende da adesão do paciente. A intenção foi de motivar os municípios a implantar medidas articuladas entre as políticas públicas envolvidas, que visem a prevenção ao uso destas substâncias, através dos espaços institucionais já existentes: escolas, grupos socioeducativos com adolescentes e familiares e nas unidades de saúde", observou a assessora em assistência social da AMOSC, Erli Terezinha Abreu.

A iniciativa faz parte do planejamento das áreas de assistência social, educação e saúde da AMOSC, que prevê ações integradas de prevenção ao uso de substâncias que causem dependência física e psíquica. "A questão atinge todas as classes sociais e deve ser tratada pela saúde, por ser uma doença mental, com programas e serviços específicos. Porém, necessita da articulação de outras políticas públicas para levar informação à população nos espaços em que são executados os serviços", complementou.

Pesquisas revelam que o uso abusivo ocorre em todas as todas as faixas etárias por algum tipo de medicamento (tranqüilizante, antidepressivo, anfetamina), tabaco, álcool, maconha, cocaína, crack, inalante (lança perfume, cola de sapateiro). Estudo realizado em 2010 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID) nas 27 capitais, com alunos do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino, aponta os índices do uso de drogas pelo menos uma vez na vida: 65,2% álcool; 24,9% tabaco; 15,5% solventes; 5,9% maconha; 4,1% calmantes; 3,7% estimulantes e em torno de 3% fizeram uso de crack ou cocaína. 

 PALESTRA

O conceito de drogas, os tipos comercializados, os efeitos no organismo e as conseqüências foram apresentadas aos participantes com relatos de casos e fotos impactantes. "Vidas são ceifadas, cicatrizes são abertas. Precisamos interromper esse ciclo da dependência que está associada com a violência. Os profissionais podem fazer a sua parte como multiplicadores de informação e formadores de opinião", destacou o palestrante.

De acordo com estudos, o início da utilização de drogas ilícitas é por meio de exemplo de pessoas que usam drogas lícitas, como álcool e tabaco. "Ninguém busca a dependência, a pessoa é influenciadas por amigos a experimentar. Nas primeiras vezes ganha o entorpecente, depois de algumas vezes se torna dependente e passa a comprar para manter a sensação de prazer e bem-estar proporcionado pelo vício", afirmou.

Wundervald relatou que a palavra maconha tem origem angolana, sua utilização iniciou em 2.723 A.C., porém estudos também comprovam sua existência em 4.000 A.C. A droga é composta por mais de 60 substâncias psicoativas, tendo uma predominante a tetrahidrocanabinol, conhecida também como Delta 9. Alguns dos efeitos são de euforia, sensação de bem-estar, felicidade, relaxamento, sonolência, perda da definição de tempo e espaço, alteração da memória recente, maior fluxo de ideias, falha nas funções intelectuais e cognitivas e  peremia das conjuntivas (olhos vermelhos nos iniciantes).

O haxixe (sobras da maconha) pode ser encontrada em bola ou em pó. A droga causa aumento da freqüência cardíaca, ampliação temporal da sensibilidade e sensibilidade de percepção.  Os efeitos podem durar de 30 minutos até 1 hora, porém, se adicionado com alimentos até 3 horas e nos líquidos quentes pode durar até 6 horas.

A cocaína ou erythroxylon coca causa falsa sensação de poder, aceleração do ritmo cardíaco, calafrios, náuseas, perda de peso e de apetite, dilatação da pupila, elevação ou diminuição da pressão arterial, sangramento no nariz, coriza persistente, lesão da mucosa nasal e tecidos nasais, podendo inclusive causar perfuração do septo.

O crack atingiu todas as classes sociais por ser de barata aquisição. Extraída da pasta base de cocaína a droga é estimulante, com alto poder viciante e com seis vezes mais concentração do que o psicoativo da cocaína. Com "as sobras do crack e da cocaína" e o incremento de outras misturas químicas surgiu outra droga, o cristal, que parece flocos de gelo e tem alto poder de destruição.

De acordo com Wundervald, uma droga que foi criada recentemente é a merla, uma junção das folhas de coca, cal, ácido sulfúrico, solução de bateria, solvente, entre outros elementos que são misturados para transformar em uma pasta concentrada. "Esse entorpecente é mais potente que a cocaína e com alto poder destrutivo. Causando a putrefação das mucosas do usuário", complementou.

MB Comunicação