Oportunidades geradas pelo lixo

"É preciso parar de ver os resíduos sólidos como problema, mas sim, como oportunidade", desta maneira o proprietário do escritório e gerente da Umwelt Gmbh, o alemão Frank Zörner, ressaltou a importância de pensar e executar ações na área de tratamento de resíduos sólidos. As experiências da Alemanha foram apresentadas aos prefeitos da Associação dos Municípios do Oeste de Santa Catarina (AMOSC), na última semana, no auditório da entidade, em Chapecó.

A comitiva da Alemanha relatou as ações desenvolvidas no país para o tratamento de resíduos sólidos com a intenção de firmar parcerias e intercâmbios nesta área. Integraram a comitiva Frank Zörner, Silvi Schroeder e Silvia Kohlmann, acompanhados do presidente da Eco Conceitos e da WWZ (Centro Científico Empresarial Brasil e Alemanha), Ércio Kriek.

Zörner já veio para o Brasil outras vezes, mas desta vez quis conhecer a realidade da região na qual na maioria dos municípios o lixo é coletado por empresas privadas e depositados em aterros. "A legislação brasileira é muito semelhante com a alemã, por isso podemos firmar parcerias, uma vez que para termos os resultados atuais foram necessários 15 anos de conscientização para transformar o hábito cultural da população na Alemanha", complementou.

Kriek explicou que desde 2005 não é possível jogar lixo no aterro na Alemanha sem que o material tenha qualidade de solo, ou seja, seja tratado. "São vários processos, tratamento mecânico, separação do material reciclável, produção de combustível derivado de resíduos (CDR), parte é queimada e a fração destinada ao aterro é muito reduzida", explicou.

Na região de Rostock, na Alemanha, o caminhão faz coleta nas residências apenas 15 vezes por ano, os moradores precisam depositar grandes volumes como sofás, geladeiras ou restos de podas de árvores em centros de recebimentos de materiais e pagar por isso. Também tem o sistema que estimula a devolução das embalagens das garrafas de vidros. "Essas iniciativas podem ser implantadas na região. Nosso intuito é transferir tecnologias da Alemanha para o Brasil e aproveitar tudo o que é possível", antecipou Kriek.

VIAGEM INTERNACIONAL

A visita da comitiva da Alemanha em Chapecó é a continuação do trabalho iniciado em março deste ano com a viagem da delegação brasileira à Alemanha. O grupo participou de reuniões e visitas técnicas a dez empresas do setor de gestão de resíduos sólidos. Os participantes conheceram os processos desde a coleta; reciclagem; produção de CDR; aterros sanitários controlados; produção de biogás a partir de aterros sanitários, pelo processamento de resíduos alimentares ou de rejeitos animais; produção de biocombustíveis a partir de dejetos de animais; reciclagem e recuperação de materiais diversos; produção de energia elétrica e térmica a partir da queima de CDR e tecnologias para implantação de aterros sanitários.

O diretor técnico da AMOSC, Jorge Drews, relatou que a viagem proporcionou contato com quem já experimentou, na prática, o que a região começará a desenvolver. "Temos a vantagem de não repetir os mesmos erros e sabemos da importância do trabalho de conscientização da não geração de resíduos e do aproveitamento máximo dos materiais", comentou.

DIFERENCIAL

A AMOSC iniciará até o final deste mês de abril o trabalho de assessoria na área de gestão de resíduos sólidos. Segundo Drews, a entidade contratará um engenheiro civil e um engenheiro sanitarista para acompanhar a elaboração dos Planos Municipais de Resíduos Sólidos. "Na microrregião, apenas o município de Chapecó está concluindo, oito estão contratando o serviço e os demais estão iniciando", complementou.

MB Comunicação