Medicina hiperbárica: para lesões que não cicatrizam

A medicina hiperbárica foi apresentada durante assembleia geral extraordinária do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste de Santa Catarina (CIS/AMOSC), nesta semana, no auditório da Prefeitura de Chapecó. Participaram prefeitos municipais e secretários de saúde.

O prefeito de Caxambu do Sul e presidente do CIS/AMOSC, Vilmar Foppa, relatou que a intenção de socializar a proposta de tratamento diferenciada para o consórcio é de atender as pessoas dos municípios que apresentam feridas que não cicatrizam e com isso melhorar a qualidade de vida da população.

No tratamento de alta complexidade o paciente é submetido a uma pressão maior que a atmosférica, dentro de uma câmara hiperbárica, onde recebe 100% de oxigênio através de máscaras ou capuzes individuais, fazendo com que aumente em 20 vezes a concentração de oxigênio no sangue. As sessões duram de 90 a 120 minutos, diariamente ou em dias alternados.

De acordo com o médico Fabrício Valabdro Rech, diretor do Centro Sul Brasileiro de Medicina Hiberbárica de Erechim (RS), o tratamento é sistêmico, ou seja, no corpo interno, porque aumenta os mecanismos de cicatrização e ajuda no combate as infecções. "Os primeiros pacientes atendidos tinham feridas de até 20 anos, porém o tratamento é indicado à lesões abertas com mais de 20 dias. O quanto antes procurar o serviço melhor é o resultado", comentou.

O tratamento é indicado para lesões refratárias (úlceras de pele, feridas e lesões de difícil cicatrização em diabéticos), osteomielites (infecção nos ossos), síndrome de fournier, infecções necrotizantes de tecidos moles, lesões causadas por radioterapia, queimaduras, isquemias agudas traumáticas (vítimas de acidentes com lesão por esmagamento, síndrome compartimental, reimplantação de extremidades amputadas, politraumatizados). Além de retalhos ou enxertos comprometidos ou de risco, lesões agudas complicadas ou graves por alergias, medicamentos ou por toxinas biológicas, embolias gasosas, envenenamento por monóxido de carbono ou inalação de fumaça, gangrena gasosa, embolias gasosas, doença descompressiva e embolias traumáticas pelo ar.

Segundo Rech, a medicina hiperbárica não é recomendada para pacientes que possuem alteração crônica que impeça o tratamento, como por exemplo, a coagulação do sangue sem controle. "Por isso, o primeiro passo é a avaliação do médico que faz um planejamento. A maioria dos pacientes começa a responder ao tratamento a partir da décima sessão, em casos de queimadura e trauma a partir da primeira. Nas lesões da radioterapia, (pele, bexiga, intestino e osso) em 90% dos casos tem completa cicatrização. Em casos de osteomielites o índice de cura é de 80%", complementou.

DADOS

De acordo com pesquisas desenvolvidas em países estrangeiros, 85% das amputações são precedidas por úlceras; 90% das úlceras iniciam por trauma extrínseco (calçado inadequado), com tratamento da medicina hiperbárica as amputações caem de 33% para menos de 5%.